sexta-feira, 4 de junho de 2010

RELATÓRIO SOBRE O MERCÚRIO NO AMBIENTE AMAZÔNICO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
DOCENTE: LUIZ ALBERTO CAVALCANTE GUIMARÃES.
DISCENTE: AMANDA MAYARA CARVALHO DUARTE.



RELATÓRIO SOBRE O MERCÚRIO NO AMBIENTE AMAZÔNICO
A palestra realizada na sexta feria, dia 27 de novembro, por volta das 10h da manhã, teve tema voltado para: “O Mercúrio no ambiente amazônico”. A palestra foi ministrada por Andréia Campos ICB/UFPA, atendendo a um convite do professor Yolando.
A priori, foram apresentadas as características químicas e físicas do mercúrio. O mercúrio se diferencia dos outros metais por ser o único a se apresentar em estado líquido na natureza a temperatura ambiente, formando vapores incolores e indolores e tem grande ponto de fusão e ebulição. Ele é um metal muito denso, e ainda possui uma tensão superficial alta o bastante para fazer com que o seja capaz de formar pequenas esferas perfeitas nas rochas e minerais onde é encontrado. Muitas características mineralógicas não se aplicam ao mercúrio pelo fato de ser um elemento líquido. Por exemplo, não se pode definir um grau de dureza.
O mercúrio dissolve facilmente o ouro, a prata, o chumbo e outros diversos metais; podendo formar ligas relativamente consistentes conhecidas como amálgamas. No ar tem a possibilidade de se alterar lentamente se recobrindo por uma película de cor cinza, mais conhecida como oxido mercuroso. Em elevada temperatura tem a facilidade de se oxidar mais rapidamente, promovendo uma coloração avermelhada, o óxido mercúrico vermelho (HgO). Combinar-se com outros elementos químicos, como o nítio, o enxofre e o cloro em temperaturas diferentes, formando compostos inorgânicos e sais, sendo que o mais comum é o enxofre, com o qual forma sulfeto de mercúrio insolúvel (ocorrendo na forma de cinábrio – HgS) que na é considerado tóxico. Ele é obtido pela combustão de seu sulfeto ao ar livre.
O mercúrio na forma natural surge da degradação da crosta terrestre a partir de vulcões e, provavelmente, pela evaporação dos oceanos. No entanto as fontes artificiais de mercúrio são mais diversificadas do que as naturais.
Seu uso na indústria é bastante abrangente podendo ser usado em termômetros, barômetros, lâmpadas, medicamentos, espelhos detonadores, corantes, fabricação de tintas, equipamentos eletrônicos, odontologia entre outros, embora tenha sofrido reduções, recentemente, devido a um controle mais efetivo, altas concentrações ainda estão presentes nos sedimentos associados à aplicação industrial desse metal. Há também grande incidência do uso deste na agricultura.
Empregado na medicina desde a antiguidade, o mercúrio vem sofrendo por outros medicamentos menos poluentes e menos tóxicos. A pesar de que, ainda hoje usa o bicloreto para anti-séptico, o colagogo e purgativo. Em outros casos se apresenta também em pomadas dermatológicas e oftalmológicas. Sendo também utilizado em casos de sífilis visceral e os diuréticos, porém já estão praticamente abandonados. E em outros casos ainda é empregado como anti-sépticos em ferimentos, por ter grande capacidade de eliminar bactérias, por exemplo.
As atividades industriais e a utilização de combustíveis fósseis em geral são acompanhadas por grandes derramamentos de mercúrio. Quando um curso de água é poluído pelo mercúrio, parte deste se volatiliza na atmosfera e depois torna a cair em seu estado original com as chuvas. Outra parte absorvida direta ou indiretamente pelas plantas e animais aquáticos circula e se concentra em grandes quantidades ao longo das cadeias alimentares. Além disso, a atividade microbiana transforma o mercúrio metálico em mercúrio orgânico, altamente tóxico.
Este metal é o único a comprovadamente sofrer biomagnificação ao longo da cadeia alimentar. Os ecossistemas aquáticos são os mais vulneráveis, por estarem mais expostos ambientalmente, configuram-se como os de maior risco, a maior preocupação nesse caso, reside no fato de que o metal tem grande facilidade de se alojar no organismo de peixes – o que em nossa região é consumido em grande escala.
Para outros grupos ambientalmente expostos, o risco para a saúde humana é grande, pois, Uma vez absorvido, o mercúrio é passado ao sangue, é oxidado e forma compostos solúveis, os quais se combinam com as proteínas dos tecidos.
Os compostos solúveis são absorvidos pelas mucosas, os vapores por via inalatória e os insolúveis pela pele e pelas glândulas sebáceas.
O mercúrio interfere no metabolismo e função celular pela sua capacidade de inativar as enzimas, deprimindo o mecanismo enzimático celular.
À medida que o mercúrio passa ao sangue, ligam-se as proteínas do plasma e nos eritrócitos distribuindo-se pelos tecidos concentrando-se nos rins, fígado e sangue, medula óssea, parede intestinal, parte superior dos aparelhos respiratório mucosa bucal, glândulas salivares, cérebro, ossos e pulmões. È um tóxico celular geral, provocando desintegração de tecidos com formação de proteínas e por bloqueio dos grupamentos que inibem sistemas enzimáticos fundamentais e oxidam as células. A nível de via digestiva o mercúrio exerce ação cáustica responsáveis pelos transtornos digestivos (forma aguda). No organismo todo, enfim o mercúrio age como veneno.
E por se tratar de um agente teratogênico a preocupação aumenta ainda mais, ou seja, pelo fato de que pode ocasionar danos ao embrião durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (retardo de crescimento, por exemplo), ou ainda distúrbios neuro-comportamentais, como retardo mental.
As intoxicações por mercúrio variam seus sinais e sintomas de acordo com o nível de intoxicação, aguda, subaguda e crônica. Um caso clássico de intoxicação por mercúrio ocorreu em 1953 no Japão, quando dezenas de pessoas morreram em conseqüência da intoxicação por mercúrio. A cidade, denominada Minamata é uma região de pesca e a maioria dos doentes vivia dessa atividade, consumindo peixes regularmente. Com o passar do tempo começaram a sentir sintomas como perda de visão, descoordenação motora e muscular. Mais tarde descobriu-se que as deficiências eram causadas pela destruição dos tecidos do cérebro, em razão da contaminação por mercúrio. Até então não se sabia de que maneira a contaminação havia ocorrido.
Esse mistério só veio a ter solução anos mais tarde, quando descobriram que uma indústria local utilizava um composto de mercúrio, que ao atingir a baia de Minamata, incorporava-se a cadeia alimentar dos peixes. Os compostos orgânicos presentes na carne dos peixes, causava doenças às pessoas que a consumiam. O que mais tarde cominou na má formação das crianças geradas por essas pessoas.
Outro exemplo citado pela palestrante sobre casos de contaminações foi o corrido em garimpos aqui na região amazônica, principalmente a partir da década de oitenta várias técnicas de exploração, como na famosa jazida conhecida mundialmente como Serra Pelada. Ali o minério de ouro era garimpado e depois devia ser purificado, onde o garimpeiro misturava o mercúrio que ao ser aquecido, passa a ser inalado pelo garimpeiro (intoxicação por via respiratória), o mercúrio também entra em contato com a pele devido a técnicas precárias de manuseio do metal (intoxicação por via cutânea) e o é perdido, ou ate mesmo jogado fora causando danos ambientais a plantas e animais que quando ingeridos causam doenças as pessoas que os consomem.
Os danos causados pelo mercúrio são graves e em grande parte dos casos permanentes. O mercúrio tem sido considerado um poluente ambiental do mais
alto risco à saúde humana, sendo, por isto, um dos mais bem estudados. Os
efeitos biológicos deste metal e seus derivados são extremamente variados, abrangendo desde efeitos citológicos e reprodutivos (principalmente teratogênicos) até neurológicos, sendo estes já bem estabelecidos. No entanto, sua possível associação no processo carcinogênico, bem como seus efeitos genotóxicos, não está bem esclarecida, apesar da existência de inúmeras evidências de seu efeito ao nível do DNA. O painel global dos efeitos biológicos do mercúrio e seus compostos em humanos demonstram que, apesar das inúmeras contradições, estes compostos apresentam conseqüências suficientemente graves que merecem ser cada vez mais estudadas. Estes estudos suplementares deverão servir como modelos para manter a integridade da saúde de pessoas expostas, essencialmente aqui na Amazônia, onde o processo de biotransformação do mercúrio inorgânico em metilmercúrio nos ambientes aquáticos é bem conhecido o que torna viável a exposição e contaminação humana – principalmente das comunidades ribeirinhas - pelo consumo de peixes contaminados.

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